sábado, 1 de junho de 2019

Quando Não é BDSM


Gostei muito do texto e indico principalmente os que desejam iniciar no BDSM dêem uma lida sobre quando o BDSM deixa de ser BDSM e passa a ser abuso ou violência, quaisquer início seja de uma D/s ou uma Play Partner deve ter também uma base a mais conhecida dentro do BDSM e o SSC (São, Seguro e principalmente Consensual), mas existem outras bases. O texto também aborda o modo equivocado que alguns se intitulam e iniciam pessoas e as mesmas acabam achando normal tal momento. E uma coisa que sempre digo principalmente para as meninas que estão iniciando mesmo muitas fingindo ouvir e depois quebram a cara porque ouviram por um ouvido e saindo pelo outro eu indico que estudem, perguntem e sejam sempre curiosas para buscar e conhecer tudo que desejam. O texto é da Pequena Tana (cacau de Dom Hórus) escrito em 27/04/2017, ele foi autorizado pela mesma a ser compartilhado com quem deseja conhecer mais sobre o BDSM, agradeço Tana pela liberação.

Deixo aqui saudações a Casa de seu Dono Dom Hórus.

Ótima leitura!

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Quando não é BDSM. 

Neste exato momento em que você lê este texto, um casal está na cama. Ela com algemas e coleira. Ele pega o chicote e diz: “você é a partir de hoje minha submissa” e ela responde: “Delícia, senhor”. Ela fica de quatro e ele lhe oferece cinco chibatadas leves. Ela não sente nada. Apenas acha estranho como das vezes anteriores. Finge que está tudo ótimo. Até gosta de se ver nessa cena. Finge um gemido de prazer. Ele se empolga e se lança a outras três chibatadas, dessa vez muito mais fortes. Ela fecha os olhos e pensa: não vou querer brincar mais assim. Mas só pensa. Não diz nada porque gosta da companhia dele, do seu sexo e essa tem sido sua moeda de troca, aceitar a brincadeira apesar de não entende-la bem. Ele diz que ela vai aprender tudo com ele. Ambos pensam, de forma equivocada, que estão em uma prática BDSM. E ele se considera, de forma equivocada, um Dominador. "Mas, como assim? De novo essa história de querer dizer o que é e o que não é  Bdsm? Nada e nem ninguém determina se uma cena, sessão ou relação é ou não BDSM! O jogo livre!" Alto lá:

O acrônimo internacional proposto pelo inglês David Stein: SSC (Saudável, Seguro e Consensual) o faz, "sem cerimônias", e é a base da liturgia BDSM no mundo desde 1983.

Para a comunidade mundial dessa subcultura, nenhuma prática pode se considerar BDSM se não for saudável, segura e consensual como regra. E o que isso significa exatamente?

Ø  Uma prática saudável ou sensata significa, principalmente, que não “vai dar nó” na cabeça de ninguém. Os limites da relação são claros e todos os envolvidos são capazes de distinguir a fantasia da realidade.  *** O jogo é, mesmo como estilo de vida, uma fantasia. Não existe legislação para escravidão consensual.

Ø  Uma prática segura significa que todos os praticantes possuem o conhecimento necessário sobre a prática e que ela não representa risco. Seja físico (risco de enfermidades, morte etc) ou psicológico ( risco de transtornos, depressão etc)

 Ø  Uma prática consensual significa que é vontade real de todos os envolvidos realizá-la, tanto na forma quanto em sua intensidade. ** Não há absolutamente nada no BDSM que não possa ser negociado.

O BDSM é uma subcultura que propõe jogos sensuais com base hierárquica entre adultos em relacionamentos que podem ou não configurar uma relação de Dominação\submissão duradoura, a chamada D\s. Você pode praticá-lo em qualquer tipo de relação, com sexo ou sem sexo, inclusive, desde que haja um período prévio importante de negociação aberta.

É o período de negociação que configura uma relação para práticas BDSM. Nesse período, Top e bottom verificam se a prática é possível sem “forçação de barra”.  É o que ambos querem? Ou alguém apenas está tentando satisfazer alguém? As intenções de cada um são claras, transparentes? Ou alguém tem dúvidas e vai se confundir em algum momento? Que práticas agradam ou desagradam a ambos? Em que medida ou intendidade? Que práticas causam curiosidade?

A ética do consenso, a ética do cuidado e da transparência são estruturais no BDSM e evitam que uma D/s se realize como relacionamento abusivo.

O SSC é uma moral geral válida para todas as modalidades do amplo universo fetichista S\M e que não se sujeita ao crivo de terceiros, ou seja, apenas os envolvidos devem avaliar se desejam ou não uma determinada prática e se, em seu contexto e expectativa, essas práticas lhe parecem saudáveis ou não, seguras ou não.

Uma questão interessante sobre esse momento litúrgico denominado: período de negociação, é que Top e bottom se encontram em posição de igualdade. O jogo só começa quando tudo estiver bem claro para ambos. Quando cada um aceita as vontades e limitações do outro. Podendo, inclusive, combinar uma revisão desse acordo futuramente.  Esse início costuma ser marcado, no caso de relações que se pretendem duradouras, com a assinatura de um contrato e a entrega de uma coleira. Muito recomendável. O contrato é um valioso instrumento SSC. A coleira o símbolo máximo desse pacto a ser honrado.

Importante ressaltar que o SSC se institui no período de negociação, mas deve ser uma responsabilidade constante, principalmente, por parte do Top.

Sim, o botton também possui alguns recursos para garantir o SSC, entre eles: a palavra de segurança. Do inglês: safeword.  O bottom deve utilizá-la quando atingir um determinado limite físico ou psicológico e, portanto, não estiver sentindo segurança ou prazer naquela prática de forma categórica.  Importante ressaltar ainda que, apesar da palavra de segurança ser usada geralmente pelo bottom, o Top também pode utilizá-la dentro do mesmo contexto.

Um detalhe que muitas vezes não é observado, e que de forma alguma é menos importante, é que não basta apenas acordar uma palavra para ser usada como safeword, pois diante da utilização de uma simples mordaça o bottom ficará impossibilitado de expressá-la. Logo, é altamente recomendado que se combine um gesto ou movimento que tenha a mesma função e que possa ser usado com as mãos presas, por exemplo.

Numa sessão, ao Top lhe cabe atenção máxima às reações físicas do bottom, como mudanças na respiração ou contrações musculares diferentes do normal, pois existem determinadas situações onde o bottom pode entrar num estado de êxtase profundo, devido a alta produção de endorfina, o hormônio do bem estar, ocasionando perda momentânea de sensibilidade ou, até mesmo, de consciência em certa medida.

O uso da palavra de segurança não representa fraqueza, e não deve ser reprimido, punido ou sofrer qualquer tipo de julgamento.Ele é, inclusive, um poderoso aliado na Arte de Dominar.

Muitos consideram que o não uso da palavra ou gesto de segurança representa uma ruptura importante com a liturgia BDSM em qualquer modalidade do jogo.

Já foi bastante comum a utilização das palavras “amarelo” para sinalizar um pedido de mudança e “vermelho” para interromper totalmente a sessão nessa cultura. Mas, atualmente, é muito frequente que cada Top decida juntamente com seu(s)  bottom(s) a palavra ou gesto que será utilizado. 

Seja como for, esse tema é um tema muito valiosos para o BDSM. Por esse motivo, atenção:

> Tops e bottoms não cedam à uma prática que lhe desagrada categoricamente por pressão, por chantagens, por solidariedade, por sexo ou pela companhia de seu parceiro. O jogo não funciona se for assim. Você pode estar começando um relacionamento abusivo.

> Bottoms, Dominadores e Dominadoras de verdade conhecem a importância do SSC e o demostram em sua forma de encaminhar a negociação.

Ainda assim, é valido lembrar que o BDSM é basicamente conceitual e, portanto, sujeito a interpretações distintas a respeito de quase todos os ritos. Logo, esse texto não tem a pretensão de encerrar discussões, muito pelo contrário: pretende abrir debate sobre esse tema tão importante.

Texto escrito por
Pequena Tana em 27/04/17
Não divulgar sem mencionar autoria.

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