quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O estranho prazer das relações sadomasoquistas!!


Pensar no prazer sadomasoquisca é arriscar em caminhos escuros, espinhosos é tentar compreender a estranheza deste prazer seja do lado do sádico dominador, seja do lado da parte submissa. É um tema complexo, com muitas nuâncias, às vezes encontra-se labirintos, às vezes becos sem saída, mas mesmo assim quero tentar compreender o prazer nas relações realmente sadomasoquistas já que reconheço que o prazer é o alimento mais precioso do ser humano que estimula a vida. Tudo que dá prazer revigora. Um beijo, um sorvete, um sorriso, um orgasmo, um carro novo, um abraço de um amigo, uma torta de chocolate... Quanto prazer para se listar né? Mas o maior dos prazeres é o prazer de ser quem se é. Nesta afirmação simples e sem rodeios encontro a chave para melhor compreender os estranhos prazeres sadomasoquistas.

O prazer SM não tem convencionalidades, sem preocupações em agir de alguma forma ou fazer algo vivendo em função dos outros ( da sociedade ou dos padrões reconhecidos como normais).

No sadomasoquismo o prazer do sádico dominador tem sua fonte em ultrajar, em fazer sofrer física, psicologicamente e moralmente o parceiro. O sádico é aquele que elabora seu prazer no outro ou seja na submissa. Sem a submissa o sádico não alcança seu prazer. O prazer do sádico dominador acontece, fora de si. O prazer do sádico acontece na vida, no corpo e nas emoções da submissa que o acolhe em resignação como se dando em sacrifício pelo prazer do sádico. O prazer do sádico depende desta entrega sacrifial da submissa.

Muitos entendem que a submissa sente prazer na ação do dominador ( na humilhação, no flagelo ou na surra...), mas na verdade o prazer da submissa acontece primeiramente dentro dela, diferente do sádico a submissa não procura um sádico para lhe dar prazer, mas ela procura um um sádico para dar-lhe o prazer de ser submissa e não só o de estar submissa.

O prazer da submissa esta no poder de se olhar no espelho e se aceitar ou se aceitar sem ao menos poder olhar no espelho. E viver para si e partilhar o que ela é com quem a faz sentir e viver sua submissão em plenitude. O prazer da submissa é o prazer de ser, e não depende do sadismo do seu dominador ou no que os outros gostariam que ela fosse.

Quando a submissa encontra o dominador que a faz sentir a sua submissão, ela sabe , que o prazer não esta na humilhação , nisto ou naquilo , o prazer maior está na capacidade e satisfação de ser e viver o que ela é. O prazer da sub não está na ação em si, mas exatamente em ser submissa. Um sub pode encontrar prazer na simplicidade de varrer a casa.

A submissa tem prazer em ser percebida em sua submissão , antes do seu corpo ou ate da sua sexualidade. Quero concluir esse meu texto com um pensamento do Cazuza que acredito resume bem o prazer da submissa:

“Que prazer mais egoísta, o de cuidar de um outro ser, mesmo se dando mais do que se tem para receber.” (Cazuza)

Escrito por Dom Resendebh

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