sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Justine - Marquês de Sade

Justine, protagoniza uma história de sofrimento, que começa após a morte de seus pais e consequente perda de seus bens, assim como de sua estabilidade social.

Justine é uma mártir típica, disposta a morrer por sua fé, pelas suas crenças religiosas, ainda que ninguém as tivesse atacando diretamente, mas por causa delas, Justine se recusa a agir de qualquer maneira que colocasse em jogo a sua virtude, nunca cedendo as tentações ou as propostas de pessoas que vai encontrando pelo seu caminho, que a privariam de passar por humilhações e torturas.

Seu rigor quanto à moral é o tempo inteiro confrontado por uma sociedade hipócrita, que ao mesmo tempo que considera a sodomia um crime, faz vistas grossas quanto a nobres e membros do clero adeptos da prática.

Uma sociedade que prega condutas morais e éticas para o povo, mas está sempre disposta a comercializá-las, em troca de uma melhor posição social e financeira ou simplesmente de não incomodar quem tem poder.

A perversão é uma constante na narrativa, as leis são feitas e as penas são aplicadas pelos maiores transgressores. Justine sofre, muito, é castigada, mal tratada, escravizada e não ousa duvidar da justiça da providência, é imune a qualquer tipo de corrupção.

Justine parece o tempo inteiro vulnerável e frágil, mas ao mesmo tempo firme nas suas convicções, coerente, disposta a enfrentar qualquer coisa e qualquer pessoa pela sua fé e seus valores, mesmo que durante toda o tempo, só os “maus” pareçam ser agraciados pela vida, só os injustos fossem recompensados.

O prazer de Justine estava em ser quem era, em nunca deixar de ter fé, ao passo que o prazer do “carrasco” é punir, não importa tanto o porquê, assim se estabelecem as relações de poder, o chicote sempre tem dois lados e se torna inútil se falta alguém em uma das pontas e por isso Sade é tão atual e tão censurado.


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